Opinião: Os caminhos para medir a qualidade do aprendizado

Rita André*


Durante muito tempo, avaliar um aluno tinha como objetivo classificar e rotular os melhores e os piores em sala de aula. Atualmente, a avaliação possui outro status: ela é vista como uma das mais importantes ferramentas que os professores possuem para alcançar o principal objetivo da escola: fazer com que todos os alunos, de fato, aprendam. E não adianta o professor ter um planejamento incrível se o ponto de partida estiver além da capacidade de seus alunos. Seria como exigir que eles subissem uma escada com degraus mais altos que suas pernas conseguissem alcançar. 

Este sempre foi um dos principais desafios dos professores: enxergar em que nível de desempenho e aprendizagem está cada um de seus alunos. Em 2021, esse desafio será acentuado. Estamos vindo de um ano de distanciamento entre professor e aluno, de um período em que as trocas foram reduzidas ou limitadas. O ensino remoto tirou do professor a chance de lançar aquele olhar sensível e desenvolver o feeling que só o ensino presencial permite. E nesse contexto, as avaliações se tornam ainda mais indispensáveis. Mais do que nunca, é importante encontrar caminhos para medir a qualidade do aprendizado e oferecer alternativas para uma evolução mais consistente. 

Novamente, temos a tecnologia para nos salvar. À medida que a pandemia avançava, as ferramentas tecnológicas a serviço da aprendizagem também foram evoluindo. Hoje, para identificar com segurança o nível de aprendizagem de uma criança ou jovem, é possível lançar mão de um conjunto de recursos ao alcance de um clique. Por meio de plataformas, os professores têm à disposição avaliações e conteúdos digitais prontos para serem aplicados. Tudo isso vai proporcionar relatórios precisos que vão permitir associar as competências e habilidades dos alunos em relação a um objeto de conteúdo. Imagine o professor poder, com alguns cliques, identificar aqueles alunos que estão com dificuldade ou prejuízo de aprendizagem na habilidade x ou y. 

Em qualquer processo de avaliação da aprendizagem há um foco no individual e no coletivo. Quando se identifica lacunas em comum, pode-se trabalhar a correção dessas fragilidades em grupos para os quais as dificuldades sejam as mesmas. Mas a tecnologia também é primordial para dar ao professor a chance de individualizar as intervenções necessárias. Essas avaliações detalhadas favorecem inclusive a implementação de metodologias ativas no processo de aprendizagem, que é algo que estimula bastante o aprendizado do aluno. Para fazer, por exemplo, uma sala de aula invertida, o professor consegue, por meio desses relatórios, identificar quais assuntos ele pode abordar. Não se pode levar pontos de fragilidades para uma sala de aula invertida, e por isso, os relatórios ajudam a identificar as melhores escolhas. 

Recomendado pelo Conselho Nacional de Educação para a retomada das aulas presenciais, o processo de avaliação tem ajudado a verificar a efetividade do ensino remoto e identificar as defasagens no aprendizado durante o ano que passou. Mas não fica apenas nisso. Com essas avaliações, temos a chance de mostrar para nossos alunos, e também para os pais, que 2020 não foi um ano perdido. Com um diagnóstico cuidadoso e bem elaborado, pode-se planejar um retorno de maneira segura, organizada e eficiente, minimizando os prejuízos e maximizando as conquistas. 

*Rita André é gerente de avaliações do Sistema Positivo de Ensino.

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