Em parceria com a CODHAB/DF, alunos de Arquitetura do IESB desenvolvem projetos de moradias para a população de baixa renda no DF



Ação faz parte do Subprograma Melhorias Habitacionais, desenvolvido pelo GDF desde 2016, que oferece benfeitorias às casas, tais como construção de novos cômodos, reforma de banheiro e cozinha, para prover moradia digna, segura, salubre e de qualidade à população em situação de vulnerabilidade social


Foto: Renato Santos.
 
Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário IESB estão unindo teoria, prática e solidariedade para ajudar moradores do Distrito Federal que sonham em ter uma moradia digna. Com o aprendizado em sala de aula, eles desenvolvem, sem custos, projetos arquitetônicos de reforma e ampliação de habitações de interesse social para atender as necessidades de famílias em situação de vulnerabilidade habitacional, selecionadas pela CODHAB/DF e disponibilizadas aos estudantes através de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) estabelecido entre as duas instituições.

A iniciativa está vinculada ao Programa de Melhorias Habitacionais, que ocorre em conformidade com o 'Na Medida', um dos eixos do Programa Habita Brasília (PHB), do Governo do Distrito Federal (GDF). Através da Diretoria de Assistência Técnica (DIATE), a CODHAB/DF tem realizado este trabalho em Regiões Administrativas, tais como Sol Nascente, Estrutural e São Sebastião, tendo mais de 500 famílias atendidas até o momento. Por meio da Lei Federal nº 11.888/2008, recepcionada pela Lei Distrital nº 5.485/15, a ação do GDF assegura assistência técnica pública e gratuita para projetos, reformas e construções de habitações de interesse social às famílias de baixa renda na capital. Desde o início de 2022 a iniciativa do GDF conta com o apoio dos alunos de arquitetura do IESB, que colaboram de forma voluntária, por meio de um projeto de extensão na localidade de Brazlândia.

"Este projeto de extensão faz parte de uma parceria que nós firmamos com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF), que seleciona famílias carentes que necessitam de alguma melhoria habitacional. A partir dessa seleção, nossos alunos desenvolvem projetos de soluções arquitetônicas, dentro das verbas pré-estabelecidas pela CODHAB/DF e entregamos à comunidade. Começamos a parceria em 2021 com a análise de dados disponibilizados dos atendimentos e este ano já foi ampliada, atendendo casas selecionadas de Brazlândia", explica a professora Larissa Cayres, coordenadora dos cursos de Arquitetura e Design de Interiores do IESB.

O professor Orlando Vinicius Rangel Nunes, responsável por acompanhar o projeto de extensão no IESB, reforça a importância da parceria para a sociedade e alunos, que recebem capacitações específicas da CODHAB/DF para atuarem nessas comunidades. "O projeto favorece a sensibilização de alunos e professores quanto à temática da Habitação de Interesse Social. Especialmente, contribui para a formação profissional desses estudantes, fortalecendo conhecimentos como confecção de projetos de baixo custo, elaboração de orçamentos, execução de projetos do início ao fim, entre outras oportunidades de aprendizagem", completa o professor do curso de Arquitetura do IESB.

E são muitas as etapas de aprendizagem a serem percorridas por esses estudantes na prática. Depois da seleção e capacitação feita pela CODHAB/DF, eles recebem as demandas do projeto, conforme seleção das famílias previamente cadastradas e acompanhadas pelos assistentes sociais da CODHAB/DF. Depois, visitam essas famílias e vivem a imersão comunitária in loco. Em seguida, é a fase de elaboração e o momento de conseguir, dentro das normas pré-estabelecidas, transformar os pedidos dos moradores em realidade e apresentá-los aos donos da casa, que decidem se aprovam as futuras intervenções. Assim como a senhora Leni Conceição de Souza, moradora de Brazlândia, que recebeu, pelas mãos dos estudantes do IESB, a proposta de como será a sua nova casa.

"Minha filha ficou sabendo do projeto e me inscreveu. O processo foi rápido e hoje já estamos recebendo as novas ideias. Está nota 10", disse D. Leni, que mora com o filho.

Feita de alvenaria, a residência não apresenta sistema estrutural, nem revestimento nas paredes. Também é necessário rever instalações e o teto não possui forro, apenas sistema de vigas de madeira. Há ainda infiltração, rede sanitária danificada, baixa luminosidade e ventilação, o que pode agravar a segurança e riscos de doenças.

As mudanças foram logo aprovadas. "Minha casa agora vai ter até cozinha americana", compartilhou emocionada D. Leni, ao ouvir as sugestões apresentadas pelo estudante Octávio Scalco Duarte.

"Além da experiência profissional, são nessas situações que a gente vê quais são as reais necessidades do ser humano. Também é uma realização pessoal, por saber que estamos transformando a vida de uma pessoa ao oferecer a ela melhores condições de viver em um lugar onde, provavelmente, ela vai passar o resto da vida", destacou Octávio, aluno do 8º semestre do curso de Arquitetura do IESB.                                                                                      

A apresentação das sugestões de reforma contou até com uma maquete para que a família compreendesse tudo corretamente o que estava sendo proposto e pudesse alterar o que fosse preciso antes da fase de execução.

A modelagem 3D foi desenvolvida no laboratório do IESB, com ajuda do estudante do terceiro semestre de Arquitetura, João Vitor Lopes. "Esta iniciativa nos permite ter um conhecimento ainda maior do mercado porque, muitas vezes, vamos trabalhar em escritórios e situações específicas. Neste caso, estamos lidando com famílias de baixa renda e até portadores de deficiência, o que nos permite aprender ainda mais sobre as diferentes necessidades do público, nos preparando ainda mais para o mercado de trabalho", reforça João Vitor.

A entrega do projeto também foi acompanhada pela assessora e arquiteta da CODHAB/DF, Fabiana Gonçalves. "A participação dos estudantes neste projeto tem uma importância tremenda. Além de desvendarmos opções do mercado, eles vivem na prática a responsabilidade social, tão importante em nossa profissão. Na arquitetura, trabalhamos com habitação, dignidade e realizamos sonhos. E é neste momento de formação que construímos este tipo de empatia", completa Fabiana. O próximo passo é dar sequência ao projeto executivo e iniciar as obras.

Por fim, a coordenadora do Programa de Assistência Técnica da DIATE, Sandra Marinho, destaca que a parceria entre Estado e Instituição de Ensino Superior (IES) é de suma importância tendo em vista a alta demanda por atendimento recebida pela CODHAB/DF de modo a se elevar o número de atendimentos realizados anualmente. A servidora reitera que por meio desta política habitacional se constrói um caminho alternativo à provisão habitacional, respeitando-se a cidade, os vínculos locais e mostrando aos futuros profissionais a sua função social.
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