Camila Farani, uma das maiores investidoras de startups do Brasil, revela como lidou com carreira e preconceito

 

Renata Herani, Camila Farani e Maíra Donnici. Crédito: Camila Visentainer


No primeiro episódio do videocast "É com Elas", a empresária fala sobre empreendedorismo feminino, inovação e maternidade

Um podcast feito por mulheres, sobre mulheres, para todas as pessoas. Com uma temporada de seis episódios, “É com ELAS” coloca as mulheres no centro, problematiza questões sobre equidade de gênero e cria um espaço descontraído entre as participantes, com um debate franco e propositivo sobre o presente e o futuro. “Quando me convidaram para conduzir o projeto, pensei que não queria ‘mais do mesmo’. Era preciso reunir mulheres com um tom crítico, mas que tivessem trajetórias inspiradoras. Também decidimos que priorizaríamos mulheres na equipe, da maquiagem à identidade visual, passando pela trilha sonora e até mesmo o figurino, representado pelas estilistas Isabela Capeto e Tati Magalhães”, explica Maíra Donnici, jornalista, ex-Globo e GloboNews e especialista em Diversidade e Inclusão.

O videocast, gravado em São Paulo, é dividido por temas. Entre eles, empreendedorismo, carreira, mercado financeiro, mulheres na liderança e saúde mental, sempre com a preocupação em trazer a pluralidade no debate. Para a estreia, Camila Farani, uma das maiores investidoras de startups do Brasil, entusiasta do empreendedorismo feminino, ilustra bem esse objetivo. Camila é casada com outra mulher, com quem teve um filho recentemente e impulsiona o recorte sobre maternidade. Fora isso, ela tem a própria mãe como seu grande alicerce na carreira. Farani perdeu o pai aos quatro anos e viu a mãe obrigada e empreender para sustentar a família, assim como 49% das mulheres empreendedoras, as chamadas empreendedoras por necessidade, segundo um levantamento do Sebrae.

Ainda adolescente, Camila se tornou sócia da mãe e percebeu o talento para os negócios. “A minha mãe é o meu ponto de partida, meu ponto de chegada. Ela pavimentou o caminho na minha vida. Um caminho de muita força. Mas isso não quer dizer que ela fosse frágil”, afirma a empresária, que também se lembra dos muitos momentos em que foi a única mulher na sala. “No início, eu achava que eu tinha que me vestir diferente, me comportar diferente. Demorou para eu entender que meu trunfo era justamente ser mulher”, avalia.

O empreendedorismo feminino ganha cada vez mais força no Brasil. No entanto, boa parte das mulheres fecha as portas depois de alguns anos, justamente pela sobrecarga feminina, que impede mulheres de levar adiante seus talentos e seus sonhos. “A perpetuidade dessas empresas fundidas por mulheres cai em relação a empresas lideradas por homens. Por quê? Primeiro, falta de rede de apoio. Depois, porque elas se capacitam menos, já que a maioria vive dupla e até trilha jornada. No mais, elas ainda lidam com a falta de autoestima: ninguém chega e diz que são capazes. Por isso acredito em criar ambientes para que mulheres se empoderem e empoderem umas às outras”, resume Camila.

O bate-papo também abrange pontos pessoais, como a decisão de tornar pública a relação com uma mulher, o medo de não ser aceita e os planos para o futuro.

“É com ELAS” terá um episódio novo a cada duas semanas. Entre as convidadas, Ana Carla Abrão, vice-presidente de novos negócios da B3, Elisama Santos, psicanalista, escritora e palestrante, Rafaela Rezende, presidente da VTex Brasil e Maitê Schneider.


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