Ensino Religioso não é religião: entenda como são aulas

Conteúdos trabalhados nas escolas trazem visão ampla e humanística das diversas manifestações religiosas


Créditos: Divulgação/Envato


Valorização e respeito à diversidade cultural e religiosa são dois dos elementos mais importantes a compor a grade de conteúdos das aulas de Ensino Religioso, conforme determinado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Longe de ensinar uma religião específica, essas aulas focam nas relações interpessoais, na cultura de paz e no conhecimento de tradições religiosas variadas de todo o mundo.

Na BNCC, o Ensino Religioso é apresentado como uma área de conhecimento voltada a desenvolver competências que promovam o diálogo, o pluralismo de ideias e as diferentes perspectivas religiosas e filosofias de vida. Entre suas competências específicas estão “conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver; compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios; e reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida”. De acordo com a editora de conteúdo da Aprende Brasil Educação, Juliana Ulbrich, “os conteúdos trabalhados se caracterizam pela interculturalidade e pela não confessionalidade, ou seja, não abordam apenas uma tradição religiosa, mas aspectos das muitas manifestações religiosas existentes no Brasil”.

Identidade,  alteridade e cidadania

Durante as aulas de Ensino Religioso, os alunos vão desenvolver a aprendizagem relacionada a valores humanos, princípios éticos, direitos humanos e conhecimentos religiosos. “Nas aulas, os estudantes vão conhecer aspectos estruturantes das diferentes crenças religiosas e filosofias de vida, como os mitos, as narrativas, as doutrinas e as ideias de vida e morte. E vão compreender como as experiências religiosas se relacionam com dimensões da vida prática, como mídia, tecnologia, direitos humanos e projetos para o futuro”, explica Juliana. As atividades e vivências propostas promovem o diálogo entre as diferentes manifestações religiosas e filosofias de vida, visando a tolerância ao entendimento mútuo e a convivência pacífica entre os estudantes, para que eles atuem de forma cidadã no mundo.

Além desse aspecto humano, também são apresentados elementos do fenômeno religioso, como espaços sagrados, símbolos, ritos, formas de representação e expressão religiosas, celebrações, vestimentas, alimentos, objetos sagrados e líderes religiosos e suas formas de atuação. Tudo isso ajuda na formação de uma maior consciência social e cultural. Esse conhecimento é fundamental para a construção de um entendimento mais profundo das culturas e sociedades em que essas religiões estão inseridas.

Explorando questões existenciais, princípios éticos e valores, os estudantes são incentivados a refletir sobre o sentido da vida e como suas crenças e valores se alinham ou diferem dos de outros. Assim, essa área do conhecimento desempenha um papel crucial na formação da identidade pessoal e coletiva dos alunos. Essa reflexão contribui para o desenvolvimento de uma identidade mais sólida e consciente, capacitando os alunos a viver em harmonia com suas próprias convicções e com as dos outros. “É preciso lembrar que a liberdade de crença é um dos direitos humanos e também está garantido na nossa Constituição Federal. As aulas de Ensino Religioso possibilitam que os alunos se percebam iguais, porque somos todos iguais, humanos. E também somos diferentes, porque todos nós temos nossas singularidades”, completa Juliana. 

Por fim, o Ensino Religioso é uma ferramenta poderosa para a desconstrução de preconceitos, a promoção da tolerância e a convivência democrática nos diferentes espaços sociais.

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