Médica explica que anticoncepcionais podem causar baixa libido, dor durante o sexo e até secura vaginal
Os medicamentos hormonais, amplamente utilizados para diferentes condições, têm o potencial de transformar vidas, mas também podem trazer consequências que precisam ser consideradas. De acordo com especialistas, o uso de pílulas anticoncepcionais combinadas e outros medicamentos hormonais podem impactar a saúde sexual e geral das mulheres de maneira significativa.
Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, explica que “as pílulas anticoncepcionais são uma revolução na liberdade reprodutiva das mulheres, mas como qualquer medicamento, possui efeitos colaterais. Um deles é a redução dos níveis de testosterona livre, o que pode levar a sintomas como baixa libido, dor durante o sexo e até secura vaginal”.
Como os anticoncepcionais afetam os hormônios?
As pílulas anticoncepcionais combinadas funcionam para suprimir a ovulação e aumentar os níveis de globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG), proteína que se liga à testosterona, proporcionando sua disponibilidade no corpo. Embora nem todas as mulheres sejam sintomáticas, alguns efeitos podem se assemelhar a condições como a menopausa precoce.
Além disso, estudos apontam que o uso prolongado dessas pílulas pode estar associado a infecções urinárias recorrentes, especialmente em jovens na faixa dos 20 anos, devido às alterações hormonais que afetam a região vaginal. “Não é demonizar o uso de anticoncepcionais, mas estudos trazem à tona os possíveis impactos para que pacientes e profissionais de saúde possam ter conversas informadas sobre as opções disponíveis”, reforça Alexandra.
Alternativas e cuidados
Outros métodos contraceptivos, como dispositivos intrauterinos (DIUs), podem causar menos interferências hormonais. O DIU de cobre, por exemplo, não libera hormônios, enquanto o DIU à base de progesterona tem menos impacto na produção de estrogênio e testosterona em comparação com as pílulas orais.
“É fundamental personalizar o tratamento e considerar fatores como histórico médico, sintomas e expectativas da paciente. Além disso, é importante envolver o parceiro nas decisões, como a opção por uma vasectomia, que pode trazer mais liberdade para ambos”, sugere Alexandra.
Impacto nos homens e outros medicamentos
Os efeitos hormonais não afetam apenas as mulheres. Homens que usam medicamentos como finasterida para tratar calvície ou problemas na próstata também podem enfrentar efeitos colaterais graves, como disfunção erétil, perda de libido e até sintomas cognitivos, como depressão. A chamada síndrome pós-finasterida, embora rara, pode ter impactos devastadores.
“A mensagem para os profissionais de saúde é clara: valide as queixas dos pacientes e informe sobre as possíveis consequências. Mesmo quando a solução parece difícil, considerar o problema é um passo terapêutico essencial”, conclui a médica.
Educação e sensibilização são fundamentais
No Brasil, onde o acesso aos contraceptivos orais é alto e amplamente incentivado, a discussão sobre seus efeitos colaterais continua sendo essencial, mas muitas vezes negligenciada.
Dados apontam que aproximadamente 80% das mulheres em idade fértil já utilizaram pílulas anticoncepcionais em algum momento da vida, o que torna ainda mais relevante a conscientização sobre os impactos a curto e longo prazo. No entanto, ainda é comum que muitas pacientes, e até mesmo profissionais da saúde, não discutam abertamente os possíveis efeitos adversos desses medicamentos.
Além disso, a conscientização deve incluir não apenas o impacto físico, mas também o emocional. Mudanças hormonais podem afetar a libido, o prazer sexual e até mesmo o equilíbrio psicológico, gerando dificuldades que precisam ser abordadas com empatia e cuidado.
Por isso, a sensibilização sobre o impacto dos anticoncepcionais deve ser ampla, abrangendo não só as mulheres, mas também os parceiros e profissionais de saúde, para que todos compreendam o papel fundamental das escolhas contraceptivas na saúde sexual e no relacionamento.
Instituto GRIS
O Instituto GRIS tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.