Pesquisadores apontam que o cérebro de indivíduos solitários apresenta respostas alteradas a estímulos sociais e visuais
A campanha Janeiro Branco reforça a importância do cuidado com a saúde mental, alertando para os perigos do isolamento social. Pesquisadores das universidades de Cambridge (Inglaterra) e Fudan (China) demonstraram, em um estudo recente que a solidão prolongada pode trazer impactos graves à saúde física, como o aumento do risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
O estudo analisou 2.290 proteínas no cérebro humano e identificou que cinco delas — CFRA1, ADM, FABP4, TNFRSF10A e ASGR1 — são ativadas de maneira mais intensa em pessoas solitárias. Essas proteínas estão associadas a processos inflamatórios e imunológicos que, quando acionados cronicamente, podem prejudicar o sistema circulatório e o metabolismo, contribuindo para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
Além disso, os pesquisadores destacaram que o cérebro de indivíduos solitários apresenta respostas alteradas a estímulos sociais e visuais, o que pode comprometer o processamento de recompensas e reforçar o ciclo de isolamento. Outros estudos indicam que oito horas de solidão têm um impacto no corpo semelhante a um dia sem comer, causando esgotamento e aumento da fadiga.
Victor Hugo Espíndola, neurocirurgião especialista em doenças cerebrovasculares, explica que os impactos do isolamento não se limitam à saúde física. “A solidão crônica aumenta os níveis de cortisol, eleva marcadores inflamatórios e pode predispor a condições como obesidade, hipertensão e diabetes. Esses fatores contribuem diretamente para o aumento dos riscos de infarto e AVC”, ressalta.
O especialista ainda aponta que o contexto pandêmico agravou o problema. “O isolamento social dos últimos anos intensificou os casos de doenças cardiovasculares, especialmente entre os jovens, que se tornaram mais vulneráveis devido à redução do convívio social e ao aumento de comportamentos sedentários”, enfatiza.
Saiba como identificar um AVC:
Os sintomas de AVC incluem fraqueza súbita, confusão, dificuldades na fala, perda de equilíbrio e dormência em um lado do corpo. O especialista compartilha uma abordagem simples para identificar um possível AVC, baseada na escala SAMU:
1. S (Sorriso): Peça para a pessoa sorrir e observe se há assimetria ou queda de um lado do rosto.
2. A (Abraço): Solicite que levante os dois braços e observe se há dificuldade em levantar um deles ou se há diferença de força entre os braços ou pernas.
3. M (Mensagem): Peça para repetir uma frase ou cantar uma música. Observe se a fala está alterada, com dificuldade para pronunciar palavras.
4. U (Urgente): Caso algum dos sinais esteja presente, busque ajuda médica imediatamente.
Quanto mais rápido o diagnóstico e o tratamento de um AVC, menores as chances de sequelas graves, como problemas cognitivos ou paralisia. “As consequências do AVC dependem do tipo e da região do cérebro afetada, podendo variar de sequelas leves a muito graves e irreversíveis”, conclui.